A terça-feira (28) foi marcada por tensão e perdas na zona rural de Alvorada do Oeste (RO). Sob determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), um comboio formado por agentes da Força Nacional, Ibama e Funai cumpriu uma ordem de desintrusão — medida que determina a retirada de ocupantes considerados irregulares de áreas pertencentes a terras indígenas.
A ação ocorreu na região do distrito de Terra Boa, nas proximidades da Linha 106, em áreas que fazem limite com a Reserva Indígena Uru-Eu-Wau-Wau. No total, 16 propriedades rurais foram atingidas pela medida, sendo que seis delas possuíam atividades produtivas consolidadas, com cultivo de soja, café, criação de gado e outras culturas.

Segundo levantamento feito junto aos produtores, a movimentação econômica dessas propriedades ultrapassava R$ 10 milhões por ano, recursos que, até então, contribuíam diretamente para a economia local e estadual.
"Tínhamos título do Incra", dizem produtores afetados
Os moradores afirmam que vivem na área há mais de quatro décadas e que possuem títulos concedidos pelo Incra, o que, segundo eles, lhes garantia segurança jurídica.
"Já faz mais de 40 anos que estou aqui. Eu tenho título da minha propriedade que me foi cedido pelo Incra. Mas o documento que era para me dar segurança jurídica não garantiu meus anos de trabalho para desenvolver minha terra", contou um dos produtores que perdeu parte de sua fazenda.

Durante o cumprimento da decisão, foram queimadas casas, currais e plantações, além da inutilização de áreas agrícolas produtivas. O cenário gerou forte comoção entre as famílias atingidas, que afirmam não terem sido devidamente indenizadas.
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Entenda o que é a desintrusão
O termo desintrusão se refere à retirada de ocupantes considerados irregulares de uma área — como terras indígenas ou unidades de conservação — para devolver o território aos seus proprietários originários e garantir sua preservação legal.
Portal SGC