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O encontro "Diálogos Municipalistas" realizado em Porto Velho representa um passo significativo para o fortalecimento do empreendedorismo em Rondônia. Em um estado onde as micro e pequenas empresas formam a espinha dorsal da economia local, a aproximação entre gestores públicos e instituições de apoio empresarial merece atenção e análise crítica. A iniciativa, que reuniu representantes municipais e estaduais, sinaliza um reconhecimento importante: o desenvolvimento econômico sustentável passa necessariamente pela articulação entre diferentes esferas governamentais e entidades de apoio ao empreendedorismo. Esta constatação, embora pareça óbvia, nem sempre se concretiza na prática administrativa brasileira, onde a descontinuidade de políticas públicas e a falta de coordenação interinstitucional são desafios recorrentes.
É preciso, no entanto, avançar além da retórica de boas intenções. O verdadeiro teste para esse tipo de articulação está na implementação de ações concretas que transformem o ambiente de negócios nos municípios. Historicamente, muitas iniciativas semelhantes não superaram a fase de diagnósticos e planejamentos, esbarrando em entraves burocráticos ou na ausência de recursos para sua efetivação. A escolha do Complexo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré como palco do evento carrega, aliás, um simbolismo que não deve passar despercebido. Este patrimônio histórico, que já representou uma tentativa de integração econômica regional, serve agora como lembrete dos desafios logísticos e estruturais que ainda persistem no desenvolvimento da Amazônia.
O fortalecimento do empreendedorismo local enfrenta obstáculos consideráveis em Rondônia: infraestrutura precária em alguns municípios, dificuldades de acesso a crédito, burocracia excessiva e limitações na capacitação técnica dos empreendedores. Superar estes entraves exigirá mais que boas intenções - demandará planejamento estratégico, continuidade de políticas públicas e investimentos consistentes. Por outro lado, o estado possui potenciais consideráveis a serem explorados, desde sua posição geográfica estratégica até a diversidade de recursos naturais. A valorização das cadeias produtivas locais e o estímulo à inovação podem transformar desafios em oportunidades de crescimento.
O verdadeiro êxito dessa aproximação entre governo estadual, municípios e Sebrae será medido nos próximos anos, através de indicadores concretos: redução da burocracia para abertura e manutenção de empresas, ampliação do acesso ao crédito, aumento da competitividade dos pequenos negócios e, principalmente, da geração de empregos e renda nos municípios. É essencial que esse tipo de diálogo institucional transcenda gestões e se consolide como uma política de Estado, não de governo. O desenvolvimento econômico sustentável exige visão de longo prazo e compromisso permanente com a melhoria do ambiente de negócios, independentemente de ciclos eleitorais.
Diário da Amazônia