Vivemos em uma era marcada pela rapidez das informações, pelos desafios sociais complexos e, não raro, pela sensação de que cada indivíduo caminha sozinho no mundo. Em meio a esse cenário, o voluntariado desponta como uma poderosa ferramenta de transformação - não só da realidade de quem é atendido, mas, principalmente, de quem se dispõe a colaborar. Entre os jovens, a experiência voluntária se revela não apenas como uma atividade extracurricular, mas como uma verdadeira escola de cidadania, capaz de formar pessoas mais empáticas, responsáveis e preparadas para a convivência coletiva.
Engana-se quem pensa que o voluntariado é apenas uma via de mão única, onde aquele que doa seu tempo está sempre em posição de dar e o outro, de receber. O jovem voluntário tem a oportunidade de enxergar outras realidades, perceber o tamanho das desigualdades e, sobretudo, se reconhecer como agente de mudança. O contato direto com comunidades diversas, com crianças, idosos ou mesmo com causas ambientais, amplia o repertório de experiências e desafia convicções muitas vezes construídas apenas no ambiente escolar ou familiar.
Além do impacto social, o voluntariado acrescenta camadas fundamentais à formação pessoal e profissional. Ao trabalhar em equipe, lidar com diferenças, expor opiniões e ouvir relatos de vida, o jovem aprende habilidades essenciais para qualquer área de atuação. A responsabilidade adquirida ao assumir compromissos e a humildade em reconhecer o valor do trabalho coletivo são traços que moldam lideranças conscientes e colaborativas.
Outro aspecto relevante é o desenvolvimento da empatia. O voluntariado ensina a olhar para além do próprio umbigo, a se colocar no lugar do outro e agir em função de um bem comum. Em um mundo que valoriza a competição e o individualismo, essa capacidade torna-se um diferencial não só para o mercado de trabalho, mas para a convivência democrática e saudável em sociedade.
Os desafios enfrentados pelos jovens, como a busca por identidade, propósito e pertencimento, encontram no voluntariado um terreno fértil para florescer. Ao perceber que sua ação faz diferença, mesmo que pequena, o jovem passa a enxergar sentido nas pequenas escolhas cotidianas. Ele entende que ser cidadão não se resume a votar ou pagar impostos, mas se expressa, sobretudo, na capacidade de colaborar para uma sociedade mais justa e inclusiva.
Por isso, cabe às escolas, famílias e à própria sociedade incentivar e valorizar as iniciativas voluntárias entre os jovens. Oferecer espaços, projetos e oportunidades para que crianças e adolescentes se engajem em atividades comunitárias é investir na formação de cidadãos mais preparados, sensíveis e críticos. Em tempos de crise de valores e intolerância, o voluntariado emerge como uma semente de esperança e renovação.
Ao final, percebe-se que, ao mesmo tempo em que transforma vidas e comunidades, o voluntariado é uma ponte para a construção de um mundo melhor. E, nessa travessia, são os jovens que, munidos de entusiasmo e vontade de fazer diferente, dão o primeiro passo rumo a uma cidadania plena - que se faz, sobretudo, no encontro, no servir e na solidariedade.
Roberto Ravagnani