Reprodução
O saneamento básico se consolida como um vetor de transformação urbana e econômica em Rondônia, com cidades como Ariquemes e Rolim de Moura colhendo os frutos de investimentos estratégicos nesse setor, enquanto a capital, Porto Velho, ainda luta para acompanhar o ritmo. A expansão das redes de água e esgoto não apenas eleva a qualidade de vida e a saúde pública, mas também impulsiona diretamente o mercado imobiliário, com projeções de ganhos bilionários para o estado.
Ariquemes
Em Ariquemes, a recente expansão da rede de esgoto, com a meta de atingir 40% da população até o final do ano, já demonstra seu poder transformador.
Um empresário do ramo de corretagem de imóveis, destacou em uma recente participação em um podcast como o saneamento impactou positivamente o desenvolvimento da cidade. Ele relembrou que uma antiga restrição no Plano Diretor proibia a construção de edifícios com mais de quatro andares.
No entanto, com a concessão dos serviços de água e esgoto à Águas de Ariquemes e a previsão de implantação da rede de esgoto, a prefeitura pôde alterar o Plano Diretor em 2019, liberando a construção de edifícios e impulsionando o crescimento vertical do município. Ariquemes já é referência em saneamento no estado, tendo alcançado a universalização do acesso à água tratada com investimentos significativos.
Rolim de Moura
O exemplo de Ariquemes é ecoado por Rolim de Moura, que também se destaca no cenário regional por seus expressivos investimentos e pela rápida expansão da rede de esgoto sanitário.
O município tem demonstrado um compromisso firme com a saúde e a qualidade de vida de seus cidadãos, com obras de expansão da rede em ritmo acelerado, projetando alcançar 70% de cobertura nos próximos quatro anos. Sob a responsabilidade da Águas de Rolim de Moura desde 2017, o município já universalizou o acesso à água tratada em toda a zona urbana, e o distrito de Nova Estrela também conta com 100% de seus moradores conectados ao sistema de água tratada.
Rolim de Moura foi ainda pioneira na adequação de seu Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) às metas do novo Marco Legal do Saneamento (Lei 14.026/2020), garantindo o avanço do saneamento pelos próximos 20 anos e se posicionando como referência em regulação de serviços.
Impacto econômico do saneamento em Rondônia
O saneamento básico emerge como um poderoso motor de desenvolvimento em Rondônia, com um impacto direto e significativo na valorização imobiliária. Um estudo recente do Instituto Trata Brasil revela que a universalização dos serviços de água e esgotamento sanitário no estado tem o potencial de injetar aproximadamente R$ 1 bilhão no setor imobiliário.
A infraestrutura de saneamento qualifica o solo urbano de forma substancial, impactando positivamente as atividades que nele se desenvolvem. Com acesso a serviços de água e esgoto adequados, as construções existentes se valorizam, e novas edificações, projetadas com essa infraestrutura em mente, tornam-se mais atrativas e, consequentemente, mais valiosas.
Esse cenário eleva o capital imobiliário das cidades rondonienses, beneficiando tanto os imóveis já construídos quanto os futuros empreendimentos. As projeções do estudo indicam que, entre 2021 e 2055, os proprietários de imóveis em Rondônia poderão experimentar um ganho anual estimado de R$ 27,9 milhões, totalizando um montante expressivo de R$ 975,4 milhões ao longo desse período.
Ao considerar todas as externalidades positivas geradas pela universalização desses serviços essenciais, Rondônia tem a perspectiva de alcançar ganhos totais de R$ 3,083 bilhões. Este dado sublinha o papel fundamental do investimento em infraestrutura básica como gerador de retornos socioeconômicos expressivos para toda a população do estado. Para quem deseja aprofundar o conhecimento sobre os indicadores de saneamento em Rondônia, o Painel Saneamento Brasil oferece um acesso detalhado a essas informações.
Porto Velho na contramão do progresso
Em contraste com o avanço observado no interior, a capital, Porto Velho, figura entre os municípios com os menores investimentos per capita em saneamento. Dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA) indicam que o investimento na capital é de apenas R$ 63,46 por pessoa, um valor consideravelmente inferior à média nacional de R$ 250, conforme aponta o Instituto Trata Brasil.
Um levantamento recente do Instituto Trata Brasil, realizado em 2024, posicionou Porto Velho na última colocação (100ª) no ranking nacional de entrega da rede de saneamento.
Atualmente, apenas 41,79% da população da capital tem acesso à água tratada. O cenário para a coleta e tratamento de esgoto é ainda mais preocupante: apenas 9,89% do esgoto é coletado, e menos de 5% desse total é efetivamente tratado. Esses números evidenciam a urgência de maiores investimentos e uma gestão mais eficaz para que Porto Velho possa colher os benefícios do saneamento básico, assim como outras cidades do estado.
Portal SGC