Rondônia

Queimadas em Rondônia causam atraso na desova de tartarugas e alta mortalidade no Rio Guaporé

Fumaça das queimadas florestais impacta desova e filhotes enfrentam mortalidade superior a 60% em 2023


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Foto: Ecovale/Divulgação

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O tradicional espetáculo da soltura de filhotes de tartarugas no rio Guaporé, em Costa Marques (RO), enfrentou um cenário preocupante em dezembro de 2023. Segundo especialistas, mais de 60% dos filhotes morreram devido ao atraso de 53 dias na desova das tartarugas-da-amazônia, impactada pelas queimadas florestais na região.

"Nunca vimos algo assim em 25 anos de trabalho", declarou José Soares Neto, conhecido como Zeca Lula, ambientalista e fundador da ONG Ecovale, que monitora os quelônios do rio Guaporé.

Impacto das queimadas e mudanças climáticas

A fumaça intensa das queimadas alterou a temperatura e a luminosidade do ambiente, adiando o início da desova, que normalmente ocorre entre agosto e setembro. Apenas em meados de outubro, as tartarugas encontraram condições adequadas para a formação dos ninhos, um atraso significativo que comprometeu o ciclo reprodutivo.

"Esse atraso afetou todo o processo. Quando o rio começou a subir rapidamente com a chegada das chuvas, muitos filhotes ainda não estavam prontos para eclodir e foram perdidos", explicou o biólogo Deyvid Muller.

Outro fator que contribuiu para a alta mortalidade foi o fenômeno conhecido como repiquete, que causa variações bruscas no nível dos rios. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) afirmou que praias tradicionalmente secas durante o período de desova foram inundadas, impossibilitando a sobrevivência de muitos filhotes.

Queda drástica no número de filhotes sobreviventes

Em 2023, cerca de 700 mil filhotes chegaram ao rio, uma redução expressiva em comparação com 2024, quando 1,4 milhão de filhotes sobreviveram. As tartarugas monitoradas pertencem à espécie Podocnemis expansa, a maior de água doce da América do Sul, podendo atingir até um metro de comprimento e pesar 75 quilos.


Para aumentar a chance de sobrevivência, os filhotes são mantidos em tanques por até 30 dias, onde perdem o odor que atrai predadores. A ação é realizada por voluntários em parceria com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) e o Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA).

Além de garantir a sobrevivência das tartarugas, o monitoramento e a soltura dos filhotes têm como objetivo estreitar a relação da população com o meio ambiente. A ONG Ecovale destaca que o combate às queimadas é essencial para evitar novas crises no ciclo de reprodução desses animais.

Portal SGC

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