 
						Quem é o militar que ensinou o CV a atacar polícia com drones e bombas
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Antes de ser apontado como o "engenheiro militar" do Comando Vermelho (CV), Rian Maurício Tavares Mota (foto em destaque) vestiu a farda da Marinha do Brasil e passou por cursos considerados entre os mais rigorosos das Forças Armadas. Hoje, ele está na lista de presos que devem ser transferidos para presídios federais de segurança máxima, após a megaoperação realizada nesta semana nos Complexos do Alemão e da Penha.
Mota é suspeito de ter sido o responsável por levar ao crime organizado uma tecnologia que se tornou estratégica nos confrontos nas favelas do Rio: drones adaptados para lançar granadas.
Expertise militar a serviço do crime
Segundo a Polícia Federal, ele usou seus conhecimentos técnicos para transformar equipamentos de espionagem em armas de ataque aéreo.
Interceptações telefônicas mostram que o ex-militar dava orientações detalhadas a integrantes da cúpula do CV, incluindo Edgar Alves de Andrade, o Doca, principal alvo da megaoperação e ainda foragido.
Em um dos áudios, Mota descreve como adaptar o drone: "É só botar o dispensador. O drone segura o pino e libera a granada quando chega no alvo."
A PF afirma que esse tipo de equipamento já impediu que líderes do CV fossem capturados em ações anteriores.
Drones no combate às forças do Estado
Durante a operação de terça-feira (28/10), policiais relataram ter sido atacados com artefatos explosivos arremessados de drones, tática semelhante à observada em guerras como as da Ucrânia e do Oriente Médio.
O governador Cláudio Castro (PL) disse que o crime organizado opera com capacidade bélica inédita no Rio: "Foi um cenário de guerra."
Os drones tornaram ainda mais arriscado o avanço das tropas pelas áreas de mata, onde dezenas de corpos foram localizados após a ação.
De militar de elite a especialista do tráfico
Mota foi preso em 2024 dentro de um quartel, após investigação da PF. Ele integrava o Comando da Força de Superfície, setor responsável por parte da estrutura naval do país, e havia concluído o curso de mergulhador, considerado de alta qualificação.
Paralelamente ao trabalho militar, segundo as autoridades, negociava peças, orientações técnicas e vídeos de guerra com criminosos.
A investigação aponta que ele estruturou o setor de drones do CV, projetou métodos de ataque aéreo contra forças policiais e ajudou a treinar operadores dentro das comunidades.
Da prisão para o isolamento máximo
Após a megaoperação que deixou 121 mortos, o governo do Rio pediu que ele seja removido para o sistema federal, medida usada para líderes de facções com alto poder de articulação.
Além dele, outros nove alvos de "alta periculosidade" também devem ser transferidos.
 
				
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