Arte sobre foto Reprodução/Rafaela Felicciano/Metrópoles
A Polícia Federal (PF), sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tentou acessar o laudo de avaliação do estado de saúde mental de Adélio Bispo durante o período de eleições presidenciais, em outubro de 2022.
Documentos sobre a saúde de Adélio são mantidos sob sigilo pela Justiça Federal. O Metrópoles apurou que o pedido de acesso partiu de uma delegacia de Cascavel (PR) em 3 de outubro de 2022 — um dia após o primeiro turno —, o que causou estranhamento, já que não havia inquéritos abertos sobre Adélio na época.
O último, encerrado dois anos antes, tramitou na Superintendência da PF em Minas Gerais, estado onde ocorreu a tentativa de homicídio.
Preso desde 2018, Adélio é o autor da facada contra o então candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PL), em Juiz de Fora, em setembro daquele ano. Ele foi preso e, desde então, está custodiado na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS).
Ao solicitar o acesso ao laudo, a delegacia não apresentou justificativas contundentes, o que levou o juiz responsável, em Campo Grande, a negar a solicitação, alegando que os investigadores não haviam apresentado motivo claro ou suficiente para tal.
O pedido feito por um delegado da PF de Cascavel foi rechaçado pelo Judiciário, sob o argumento de que o laudo não constituía fatos pretéritos (ou seja, eventos passados já ocorridos). Além disso, o juiz avisou que o documento não continha informações que poderiam ser "pertinentes" sobre um possível envolvimento de terceiros ou o financiamento do crime cometido por Adélio.
O delegado chegou a ser notificado pela Justiça para explicar de forma "concreta e específica" o motivo do interesse no laudo sigiloso, uma vez que Adélio já estava preso há mais de quatro anos. No entanto, o investigador não respondeu.
A solicitação da delegacia foi negada pela Justiça Federal em 4 de outubro — dois dias após o primeiro turno das eleições. A PF já havia concluído, naquela época, dois relatórios distintos, apontando que Adélio agiu sozinho, apesar do vínculo de seu advogado com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
A reportagem procurou a PF para comentar sobre o assunto, mas até a última atualização desta matéria não obteve retorno.
Único responsável
O último inquérito do caso foi concluído em junho do ano passado. A PF apontou que Adélio agiu sozinho no ataque ao então candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro, em 2018. A decisão, logo que Adélio já se encontra condenado, foi para o arquivamento do inquérito.
Segundo relatório divulgado pela corporação, "houve apenas um responsável pelo ataque, já condenado e preso".
O caso havia sido retomado para averiguar a possibilidade de haver mais alguém coparticipante do atentado, o que acabou por não se confirmar - a exemplo do que já havia ocorrido em duas investigações anteriores, feitas em 2018 e 2020.
Adélio permanece condenado e preso. O relatório final foi apresentado ao Ministério Público Federal (MPF), e o processo acabou arquivado em outubro de 2024.
Metrópoles